Indispensável para a saúde, a máscara exigiu adaptação no trabalho de locutores, apresentadores e repórteres.

Além das perdas imensuráveis e de todos os transtornos à rotina que conhecíamos como normal, a pandemia do Coronavírus trouxe peculiaridades para algumas categorias profissionais. Radialistas e jornalistas usam a voz para trabalhar e o uso de máscara durante a atividade causou um grande impacto. “Com a máscara, há mais dificuldade para a boa respiração, fundamental para a produção da voz, além de redução na clareza e na projeção da fala. O acessório ainda tirou um dos pontos importantes da comunicação: a expressão facial”, afirmou Terezinha Torres, fonoaudióloga. De acordo com a especialista, o aumento do esforço vocal fez com que os profissionais precisassem fazer um trabalho de adaptação.

Inclusive, diversos comunicadores foram vítimas do Corona e precisaram da reabilitação com o fonoaudiologia. “Não só os pacientes internados, para evitar a broncoaspiração, mas os que precisaram tratar as sequelas, como dificuldade respiratória e articulatória”. Terezinha conta ainda que alguns profissionais da comunicação chegaram a apresentar dificuldade com perda da memória recente, atrapalhando o desempenho no trabalho, em especial nas situações de participações ao vivo.

Mas, existem formas de desempenhar a função sem trazer prejuízos às cordas vocais, mesmo de máscara. Entre as dicas da profissional, está o cuidado com a escolha da máscara, dando preferência a tecidos maleáveis e aos formatos que prendem na orelha. “Dessa forma, há menor abafamento na voz e menos deslocamento da máscara. Para ajudar na amplificação vocal, é importante articular mais na hora da fala e colocar mais intensidade, sem esforço”, explica. Existem sinais de que se está entrando no esforço vocal, como ardor na garganta, tensão no pescoço e falta de ar durante a fala.

A informação pode ser dividida em frases mais curtas e objetivas, faladas de forma mais lenta. Isso também ajuda a não perder o fôlego, algo que tem se mostrado comum quando os comunicadores estão usando a máscara. Outro ponto chave é prestar atenção ao consumo diário de água. Beber água é fundamental para uma boa produção vocal. Porém, de acordo com a fonoaudióloga, o que se observou foi uma redução no consumo com o uso da máscara. Muitas pessoas simplesmente esquecem de beber água.

Além disso, maus hábitos, que em qualquer situação prejudicam a voz, devem ser ainda mais evitados. Entre os principais estão “fumo, álcool em excesso, pigarrear, gritar e dormir mal. Estes hábitos trazem entre as consequências edemas nas pregas vocais, rigidez na mucosa, mais viscosidade para a saliva e rouquidão”, explica a especialista. Quando a voz permanece rouca por mais de 7 dias seguidos, este é um alerta de que algo não vai bem nas pregas vocais e um profissional precisa ser consultado. Além do fonoaudiólogo, um otorrinolaringologista.

“Todo profissional da comunicação deve ter como rotina a prática de exercícios articulatórios e respiratórios, criar o hábito do aquecimento vocal. Esses exercícios devem ser individualizados e orientados por um profissional. Muitas vezes, o uso incorreto de um exercício pode causar danos à voz. Algumas técnicas são bem conhecidas de todos: vibração dos lábios, vibração da língua, som nasal “humm”, sequências articulatórias. Mas, atenção, tudo feito sem esforço”, alerta Terezinha.

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